Aventuras no Bosque Encantado (I)
Os últimos dias têm sido maravilhosos para o Filho
da Alice… O Pedro acredita mesmo que o céu estrelado gira em torno do destino do
Homem.
Ontem, o Céu estava estrelado e a Lua irradiava uma
luminosidade misteriosa. Quando o Pedro veio à varanda, depois de jantar, transbordava
felicidade; sentia que os astros estavam alinhados com o seu destino. Estava irrequieto,
saiu, encaminhou-se para o centro, para o Bosque Encantado no Jardim das Tílias,
o seu lugar de deleite. Cumprimentou os anões, quis saber com se sentiam com
tanta garotada; agradeceu-lhes a dedicação e a simpatia, o notável serviço à
comunidade. Depois, quis divertir-se: visitou a Casa do Pai Natal, entrou na
Bota Botilde, passou pela neve e deslizou pelo escorrega.
Mais eis que, quando tocou no solo, um buraco se
lhe abriu e engoliu-o. Tombou por ali abaixo, tão bruscamente que não foi
sequer capaz de se frear. Desceu sem saber se o poço era demasiado fundo ou se
era ele que estava caindo devagarinho.
Naquela escuridão, o Filho da Alice limitava-se a
pensar no que aconteceria depois. “Depois deste tombo, não me vou mais importar
com os trambolhões que me esperam!”
E caía, caía, caía. “Será que esta queda não
acabará nunca?”, pensava ele; “Quantos quilómetros eu já despenquei? Já me devo
estar aproximando do centro da Terra”.
O Filho da Alice aprendeu muitas coisas na escola,
fez muitos cursos, mas não tinha ideia do que era latitude ou longitude; no
entanto, considerava essas palavras monumentais, e gostava de as dizer em voz
alta - gosta muito de se ouvir. No tombo, entretinha-se a falar: “- Será que
vou atravessar a Terra? Vai ser muito engraçado sair do outro lado, no meio das
pessoas que andam de cabeça para baixo: os antipáticos!” Riu-se.
Caía, caía, caía e, como não tinha mais nada para
fazer, continuava a tagarelar. Até que, de repente: plunct! Aterrou num
amontoado de gravetos e folhas secas. A queda tinha chegado ao fim.
Pôs-se a pedir ajuda: “Socorro; socorro; socorro;
…, tirem-me daqui”. Mas aquela hora, ninguém o ouvia, e ninguém lhe podia
valer. Perante tamanha aflição, responderam-lhe os pássaros que pernoitavam nas
frondosas tílias.
- Estás sozinho, passarão; não tens ninguém que te
apoie nem que te ampare na desgraça...
- Acudam-me, pardais amigos.
- Um bom pardal nos saíste tu; invadiste o nosso poiso sem nos dizeres nada e agora queres apoio… E chamam-nos, a nós, pardais!
Lili Carrol
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