30 de outubro de 2014

Chicote e cenoura

Surpreendentemente, os funcionários da CMP foram presenteados com um cabaz de prebendas, pagas pelos munícipes.
O príncipe antigo foi exímio a manejar os instrumentos tradicionais de comando: a cenoura e o chicote. O novo Príncipe herdou-lhe os instrumentos, mas revela alguma inabilidade a manejá-los. O erro maior está na forma inversa como os utiliza, com os dissabores conhecidos. Consumiu-se na extinção da linhagem do Príncipe antigo querendo ele, rapidamente, ser o único reconhecido como chefe e, não tendo subalternos capazes de impor a nova ordem, teve que arcar com o odioso da sua excessiva autoridade. Alertado para o uso desmesurado do chicote deve ter achado que era conveniente temperar o trato com a cenoura. Irá a tempo? Acreditarão os súbditos na sua bondade? Maquiavel avisou que “nunca se deve deixar prosseguir uma crise para escapar a uma guerra, mesmo porque dela não se foge mas apenas se adia para desvantagem própria”. Não deixa de ser estranho que quem leu e releu Maquiavel não saiba que “as amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no momento oportuno, não se torna possível utilizá-las”. “E quem acreditar que nas grandes personagens os novos benefícios façam esquecer as velhas injúrias, engana-se”
É hoje claro que o novo príncipe padece de dois males: muita crença e muita acção - duas causas maiores da má governação. Razão tinha Maquiavel quando afirmava que “o príncipe deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável”. O novo príncipe tem feito tudo ao contrário! Mas o Farpas está cá, também, para maquiavelicamente o amparar na sua messiânica missão. 

3 comentários:

  1. Finalmente! Um editorial digno de tal cognome! Gostei da parte final adaptada de Maquiavel "...buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável." Acho no entanto que esta epístola sua caia em saco roto, porque estes aprendizes de feiticeiro/político, são , salvo excepções, cataventos aleatórios sem orientação, vontade própria, discernimento e pro-actividade.
    Dito isto, perguntamo-nos: então porque os votam? Porque não há alternativas. Acho que as pessoas devem pensar sèriamente na possibilidade e exemplo Rui Moreira, para abanar os instalados do sistema. E que não nos fiquemos pelos comentários destas tertúlias. Um desafio lhe faço, caro Malho..Aceita?

    PS: como sempre, escrito NÃO ao abrigo do "Acordo Ortográfico"

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  2. O estado a que chegou este concelho de Charneira é espelhado nisto: "O concelho de Pombal tinha no mês de Setembro 2035 pessoas desempregadas segundo dados divulgados pelo Gabinete de Inserção Profissional (GIP)." ou seja equivale a população inteira duma freguesia média do Concelho. Mas o povo gosta e continua a votar na seta que vai para o céu como o Sr. Padre ordena.

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  3. Boa noite.
    Usar Machiavelli neste caso, vem mesmo a preceito. Controverso mas empírico, amado e odiado ao mesmo tempo, enfim, um homem que marcou para sempre o que é política. Hoje em dia, temos imensos seguidores da escola dele. Disso não há dúvidas.
    Começou o Verão de São Martinho, deve ser isso.

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