24 de setembro de 2019

A gestão do poucochinho... ou da cultura da caridadezinha

Há cerca de um mês fez-se notícia, entre outros pequenos valores, de uma atribuição de um subsídio de 70€ ao Sporting Clube de Pombal. 

Duas análises: 

Na óptica da gestão, quando um executivo tem que deliberar em reunião de câmara a atribuição de um subsídio de 70€ para cobrir restos de custos de um projeto de uma coletividade,  é má gestão. E significa que as regras de governance estão mal definidas. Nesta linha não nos devemos surpreender se nas reuniões do executivo passarmos a aprovar a despesa de papel higiénico da semana. Ou a provisão inicial não era suficiente e aí há que responsabilizar a instituição ou junta que orçamentou mal, ou andamos a brincar aos subsidiozinhos e a fazer micro-gestão de coisas que não deveriam ser preocupação de um executivo. Pela lista de atribuição de subsídios fica claro que não há diferenciação nos processos de decisão caso seja uma junta ou uma qualquer outra coletividade reduzindo um(a) presidente de junta a um representante de qualquer associação.

Por outro lado há que ter a coragem de responsabilizar e atribuir o capacidade de decisão orçamental às juntas democraticamente eleitas. Um(a) presidente de junta não foi eleito para ter como principal função a prática do lambebotismo a pedir esmolas, mas para gerir a coisa pública. Deve perder tempo, não a ensaboar a vontade do executivo camarário, mas gastar o tempo a gerir a coisa pública para o qual foi eleito e decidir o que faz mais sentido a nível local.
Haja coragem de alocar e descentralizar orçamento e que seja responsabilidade das juntas alocar corretamente localmente com base em procedimentos claros, transparentes e igualitários e não esperar pela aprovação de pequenas somas...

A lógica de peditório, da mão estendida, da caridade, quando o dinheiro é de todos nós, dos impostos pagos só faz sentido quando se pretende ter um espírito de subserviência que limita as iniciativas numa  agenda [existente ou não] que apenas anda na cabeça de alguns.

Anda tudo ao contrário?


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