Desde que Diogo Mateus chegou a presidente da Câmara, as comemorações do 25 de Abril deixaram de contar com intervenção política. Um dia chamou os líderes das diversas bancadas - que na Assembleia Municipal representam os partidos políticos - e fez-lhes uma espécie de canto da sereia: que era importante desanuviar, arejar as comemorações, trazê-las para a rua. Os partidos anuíram, com ressalva para o PCP. E foi o que se viu, é o que se vê. O esforço táctico para que não subsista qualquer mensagem política, sem direito a laudatório discurso de resposta por parte de quem manda e pode.
As comemorações deste ano são um bom exemplo do esforço que se faz no Largo do Cardal para fazer de conta, para tornar inócua uma data como esta.
Fazemos de conta que estamos em festa, pá: arranja-se um concerto para a véspera (Capitão Fausto é coisa que não aquece nem arrefece, por isso cumpre bem o número), depois chama-se uma banda filarmónica para fazer a arruada da manhã, e já que se vai chamar alguém para falar, convida-se como orador o almirante Silva Ribeiro, nascido em Pombal, actual Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, que trocará a sessão nacional para vir à terra, falar d'"As Forças Armadas ao Serviço da paz e da segurança no mundo". A palestra poderá revelar-se muito útil para quem se interessa por estes temas, como será o caso do nosso presidente da Câmara, agora que está empenhado em concluir o seu curso de auditor de defesa nacional.
O resto é costumeiro e alivia a consciência. Coroas de flores no monumento aos Heróis do Ultramar e no busto de Salgueiro Maia, e está feita a festa.
Mas este ano o poder autárquico - conquista de Abril, convém lembrar - conseguiu superar-se. Marcou para esta tarde a reunião da Assembleia Municipal, que é uma boa ocasião para ser forte com os fracos. E marcou para dia 26, sexta-feira, a reunião de Câmara, não vão os senhores vereadores ter a veleidade de ir para fora, procurar outras paragens para a festa e usar esse dia como ponte. Alinhadinhas, as Juntas de Freguesias seguiram-lhe o exemplo, marcando as assembleias também para hoje e para sexta-feira.
E por isso não é de estranhar que o Município exiba, desde há cinco anos, uma escultura que lhe serve de cartão de visita, à entrada para o café concerto: um homem curvado, cedendo ao 'peso' da revolução. Por mais que passe por ela, nunca me é indiferente. Está cumprida a intenção do poder.
O espírito de Abril que por aqui paira é este, que mais uma vez o Farpas vai contrariar, entre a noite e e o dia em que se cumprem 11 anos deste blogue. Por isso, logo à noite, no Hotel Pombalense, abrimos a porta ao dia inicial, inteiro e limpo.
Não passarão.
A dupla que governa Pombal ( D. Diogo e J. Pimpão) ainda não se lembrou de mandar erguer um busto ao Salazar...mas já faltou mais...isso e o grupo excursionista de Pombal que todos os anos fazem peregrinação ao Vimieiro- Santa Comba Dão. DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA.
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