A vulgaridade é uma forma de vida tão digna como
outra qualquer; também merece o seu momento.
A vereadora Anabela existe, está vereadora, pronto.
E ali, basta-lhe existir para ser figura. É uma existência sem essência: não
fala, não pensa (ou se pensa não mostra que pensa), não sente – não acerta nem erra.
Está ali, porque quiseram que ali estivesse. E porque é que não havia de estar, se
os outros e outras estão? Mas a sua existência não é igual à dos outros e das
outras. Os da frente fazem-no por obrigação; a Anabela fá-lo – parece - por
missão. É o que a distingue. Esconde-se e mostra-se, faz parte, é um elemento
do cenário.
Diz-se que é professora e doutora; custa-me a
acreditar: não consigo imaginá-la senão como (me) existe. Devia ser indiferente
à sua existência, mas não consigo; naquele cenário, prende-me constantemente a
atenção. Pergunto-me muitas vezes: o que faz a Anabela ali? Não percebo por que
não se aborrece por só existir! Bem sei que há mais pessoas assim – muitas -,
mas pouquíssimas como ela: sabe existir. Há, até, uma certa imponência na sua
existência - na figura, na pose, no olhar, na luz e na cor que irradia - que
contrasta com o cinzentismo circundante.
A vereadora Anabela existe. Ponto.
Adelino Malho, vai à escola da Guia e percebes porque existe...existe porque é bem relacionada...existe porque sabe existir...existe porque sabe estar sem atrapalhar...existe...
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